Laguna

A água salobra tempera meu pranto

do marujo que do mar sente medo,

e já não faz questão de ser segredo,

assovia com o vento o seu triste canto.

A vontade do mar, de amar no entanto,

tremulam meu coração de rochedo,

do néctar sente o gosto do azedo

do naufrágio, delta do desencanto

Do Alto-Mar e sua inclinação fatal

Krakens, Hidras e Leviatãs à espreita

Apavorado encontro-me na Escuna

Essa dor é a morte ou a cura do sal

Olho as feridas e paira-me a suspeita

Se morro ou curo-me nesta laguna