Soneto negro

Afasta de mim este instrumento mortal,

Senhor, meu Deus, se és de fato piedoso!

Este punhal desvia – sangrento, horroroso

Portento de um negro arcano infernal!

Afasta, ó Deus, esta visão espectral,

Este olho sem pálpebra insone, pavoroso,

A me seguir com seu cortejo asqueroso

De vozes sem corpo a proclamar o mal!

Ó Deus! Meu Deus! Será vã minha oração,

E ouvidos não há que possam me ouvir

Tampouco luz que irrompa pela escuridão?

Senhor! Se ouvidos há que possam me ouvir

E luz a irromper por esta escuridão,

Mandai-me o Fim que há anos venho a perseguir!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 23/01/2023
Código do texto: T7702248
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