Aos pés do Tango
O tango arromba a porta da saudade...
Invade, sem que peça permissão,
Enquanto arranha os versos da canção,
E quanto mais arranha, mais invade.
Gardel apaga as luzes da cidade
E põe meu coração à meia-luz,
Deixando à mostra um verso que compus,
No esplendor febril da mocidade.
Chora o bandoneon, um pranto lento,
Enquanto a bailarina em movimento
Revela, num detalhe do vestido,
Por onde se evadiu a poesia.
E min'alma, contrita, assobia
Um Tango que dormiu em meu ouvido.