Amor, a porta permanece aberta,

desde o dia da sua despedida,

e todo alvorecer jamais me oferta

algo que traga a paz que foi perdida.

 

Amor, a nossa casa está deserta,

cheia de solidão e, sem saída,

meu ser pranteia, nunca se liberta,

aos poucos, perde o fôlego da vida!

 

Amor, queria só interromper

a dura desventura que me assalta

e turva todo dia o meu viver!

 

Amor, constato sempre a tal verdade:

“tem mais presença em mim o que me falta,”

pois reina em meu olhar a audaz saudade!

 

Janete Sales Dany

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Atividade ABRASSO

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Usar o verso em qualquer posição

no corpo do soneto:

“Tem mais presença em mim o que me falta.”

Manuel de Barros

O LIVRO SOBRE NADA

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.

Tudo que não invento é falso.

Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.

Tem mais presença em mim o que me falta.

Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.

Sou muito preparado de conflitos.

Não pode haver ausência de boca nas palavras:

nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.

O meu amanhecer vai ser de noite.

Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.

O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.

Meu avesso é mais visível do que um poste.

Sábio é o que adivinha.

Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.

A inércia é meu ato principal.

Não saio de dentro de mim nem pra pescar.

 

Manuel de Barros

 

Janete Sales Dany
Enviado por Janete Sales Dany em 02/02/2023
Código do texto: T7710114
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