CADÁVER FELIZ

É a Razão de mau humor, não me equivoco,

É o azedume de mil sacristias

Profanadas, estigmas de reboco,

Anunciação sem Virgem, com vadias.

Chore um Danúbio, chore um Orinoco --

Não é Loucura, ainda, entre arredias

Emissárias da angústia. Que é o sufoco

De nascer vivo contra tais estrias?

Loucura é o álef tatuado à testa

Dum cadáver feliz, um porco frade

E amigos javalis chegando à festa,

É uma outra coisa, e tudo bem! É a pá de

Cal sobre o arrôto utópico que resta,

Pentelhos de Rebeca e Sheherazade.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 04/02/2023
Código do texto: T7711095
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