O corvo

Um corvo, talvez descendente do de Poe,

Motivado sei lá por que saiu voando –

Minha morada a atenção lhe atiçando,

Sem ser convidado a janela adentrou.

Tipicamente de sua espécie pousou

Em meu busto de Palas – sempre me fitando,

Passa dias e noites matraqueando

A enlouquecer-me como outrora ao pobre Poe;

Porém não é de minha finada Lenore

Que sou, com seu vulto agourento, relembrado,

Tampouco zomba de mim com “Nevermore!”…

Oh, não! Espeta-me a consciência o desgraçado

Com dor mais pungente, e mil vezes pior:

“Poetastro!”, repete. “O quanto hás faturado?”

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 06/02/2023
Código do texto: T7713023
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