Soneto para uma taça rachada
Um taça de vinho sobre a mesa!
Uma rolha caída logo ao lado!
Parecem darem conta do recado,
De que eu esqueci a luz acesa.
O cristal, me parece, está rachado!
Nem mesmo sei se é taça de cristal,
Pois ganhei de presente de Natal,
Dum irmão do irmão, do meu cunhado.
Cunhado! Ponha um pouco mais de vinho!
O gajo pega a taça, com carinho...
E mostra, sem pudor, a rachadura.
Eu finjo que não vejo... ergo a taça...
E troco de lugar... a noite passa...
E a embriaguês, ao sono, se mistura.