Soneto para um calo no meu pé
Meu calcanhar danou-se a doer.
Uma dorzinha chata e persistente.
Me lembra até a quela dor de dente,
Que dá entre o trabalho e o lazer.
Aquela dor que dói de trás pra frente,
Desde o calcanho, à tíbia e o perônio...
E que destrói, sem dó, o patrimônio
Até do bisavô do pai da gente.
Meu calo, se me calo, simplesmente,
Faz um calo tão grande em minha mente,
Que nem Freud acolheu no seu divã.
Vou enterrar meu calo num soneto.
E só assim, leitores, vos prometo
Aposentar a pena até amanhã.