O EVANGELHO DA PODRIDÃO

 

O mal não escolhe em quem se hospeda

Como os abutres a carne que consomem;

Quem adquire peso está sujeito a queda,

Podridão é um mal inerente ao homem.

 

E toda alma que pega, a danada entorta,

Porque ela não escolhe pela roupagem;

Terno ou farda, para ela, pouco importa,

Nem a religião protege da sua voragem.

 

Mas no trem do céu só vai o coração leve,

Não tem importância se é novo ou velho,

Nele não entra nenhuma alma que deve.

 

A corrupção vicia como se fosse cachaça,

Mas quem dela faz o próprio evangelho,

Vive roendo a Bíblia como se fosse traça.