MEUS PÉS

Eu tenho um pé plantado no sertão

E outro concretado na cidade,

Tiro fruto de um, felicidade,

E de outro eu tiro a ilusão.

E a qual dos dois vai minha propensão,

Perguntam-me, e eu com sinceridade

Respondo, que eu tenho a liberdade

De um e de outro ter como opção.

De um eu guardo dentro do meu peito

O perfume de mato que o sujeito

Traz nas veias sem ter nascido lá.

E do outro, o suor do citadino,

Saído do concreto que o menino,

Iludido chegou a se viciar.