COBRADOR

Pelo que aqui se faz, a qualquer dia

A conta chega e o preço é muito alto.

Se a rua é na favela ou no asfalto

O cobrador sempre acha a moradia.

Paga o pobre, paga a burguesia

Pelo chinelo usado ou salto alto

Que pisa o outro e toma de assalto

O sossego de quem a paz queria.

Há vez que o cobrador manda preposto

Que pode ter o mais singelo rosto

E chegar com os modos mais macios.

Mas não se engane, é ele maroteiro,

Manda à frente quem toma o dinheiro

Pra cobrar mais de bolsos já vazios.