Pluviôse

(A Rogério Skylab)

“Après moi, le déluge.”

(LOUIS LE BIEN-AIMÉ)

Bem longe, no horizonte, vejo que perpassa

Uma negra nuvem – uma perturbação

Que, poluindo o céu com sua escuridão,

Em si carrega o augúrio de uma desgraça.

Envolta em seu túrgido manto, ameaça

Sobre mim, de sua própria escuridão,

Despir-se e despejar-se numa inundação

De sei lá eu quantos portentos de desgraça.

Eu bocejo de tédio. Sem me importar,

Sentado à beira do abismo, deixo chover;

Nada, nem ninguém, tira-me de meu lugar,

E eu cá só penso em como é doce me entreter

Sentindo a água sobre meus córneos pingar,

Vendo-a por entre meus cabelos escorrer…

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 16/06/2023
Código do texto: T7815296
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