Ver a foz e contentar-se com a margem

Sob a sombra deste eu que não sou

Vago um entre possíveis universos

Sinto às vezes ser o que restou

Sinto ser eu mesmo meu próprio inverso

Cada dia que eu acho que acabou

A corda bamba entre a frente e o verso

Acordo o mesmo, nada mudou

Afogado está o que está submerso

Será medo o que julgo coragem

Ver a foz e contentar-se com a margem

Desperdiço minhas braçadas a esmo

Os sonhos que vem desde menino

Estarei eu rejeitando meu destino

Ou por negá-lo, fazendo-lhe eu mesmo