Agonia
Cadê teu riso, que desfaz a dor?
Cadê teu canto, que entorpece a alma?
Cadê teu cheiro, que desperta a flor?
E teu afago que devolve a calma?
Cadê teu beijo, que alimenta o amor?
Cadê teu verbo, que desnuda o trauma?
Cadê teu sol, que acende meu calor?
E tua brisa, que a paixão acalma?
Ausência amarga, no terror da noite,
que se prolonga até o raiar do dia,
na solidão, que é desumano açoite.
Em meio às dores, que não têm remédio,
no quarto escuro, em mórbida agonia,
sem ti, padeço a sucumbir de tédio!