BODEGA DO AMOR

Um quilo bem pesado de carinho,

Quarta e meia de abraço apertado,

Mais três mil-réis de beijo bem molhado,

E é tudo pra anotar no caderninho.

Eu não vendo fiado, espertinho,

Disse-me a bodegueira, de seu lado,

Meu coração não quer ser enganado,

Pague em amor ou saia do caminho.

Por bem querer à dona da bodega,

Depressa esqueci aquela pândega

E lhe dei o que tinha o coração.

E vendo que eu era um bom freguês,

Entregou-me a feira e até me fez

Pular para o outro lado do balcão.