ABISMO

Tô à beira de um abismo, sempre penso,

Mesmo se bem distante a posso ver,

E quero cair dentro, mas cadê

Coragem para um passo tão imenso?

E a vontade na hora que eu venço

Volta e eu não entendo o porquê

De tanta indecisão para escolher,

E cair de uma vez não me convenço.

Pergunto, então, ao velho Frederico,

Porque indeciso à beira sempre fico,

Se quero é no fundo me jogar.

Cair fora é, talvez, a boa escolha,

Responde, pois no alguém que à beira olha

O abismo antes já pôs o seu olhar.