O RETRATO NA PAREDE

 

Meio zombeteiro, ás vezes sério,
Sem afastar de mim aquele olhar,
O retrato na parede é o mistério,
Que eu nunca consegui decifrar.
 
Não sei se nele há alguma magia
Ou é apenas o fruto de uma arte,
O fato é que esse olhar me vigia,
Vive me seguindo por toda parte,
 
Me perguntando por onde andei,
Com quem, o que fiz, onde estive,
E até a que horas da noite voltei.
 
Onde quer que eu vá, ele vai atrás,
Como se fosse um arguto detetive,
Disfarçado no retrato do meu pai.
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