Um dia

De manhã, acordei cheio de esperança.

Fui, como uma criança, tolo e infantil.

Depois exclamei: " vá pra puta que pariu!",

pois me deram o verme da desconfiança.

De tarde, já brincava com tal arrogância

e, na pança, guardei a maneira sutil

de dizer, com candura, o que já se ouviu

da alegria, do amor, da fé e da infância.

E, de noite, fecho os olhos, me finjo de morto,

me escondo, pra que a morte, aquele anjo torto,

não venha me buscar, pois me tornei um fraco.

Mas é depois da zero hora, altas madrugas,

que acordo com o rosto tão cheio de rugas

e digo: "mais que um velho, hoje sou um velhaco".