O PARTO

Tem dias que me sinto inquieto,

Sem nada que revele o motivo.

O alimento me sabe repulsivo,

Mesmo aquele prato predileto.

Já desconfio, tenho como certo,

Que o que me torna assim tão depressivo,

Está dentro de mim, parece vivo,

Algo preso querendo ser liberto.

Notei que, enquanto escrevo estas linhas,

Ficou mais calmo, já se aquieta,

Não mais perturba a vida do poeta.

Tal como acontece com a mulher

Quando necessita do obstetra,

Dar vida a um poema me completa.

Republicado para incluir a correção do último verso.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 28/08/2023
Reeditado em 28/08/2023
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