UMA SOCIEDADE DE GORJETAS, BISCATES E MICHARIAS (SONETO)
UMA SOCIEDADE DE GORJETAS, BISCATES E MICHARIAS (SONETO)
AUTOR: Paulo Roberto Giesteira
Se sujeitando a tudo como meio de arranjar o que precisar,
Andando sujo de alvenaria ou de mecanismos achando a razão,
Seguindo falsas informações que exportam da televisão,
A uma ligação clandestina que entra em cada casa a afanar.
Daquilo que nunca alcança e insiste teimoso a querer sustentar,
Satisfeito com as marcas das esporas da conformada escravidão,
Descarregando excesso para se passar como forte a carroceria de um caminhão,
Pelos trocados ganhados ou esmolados pelo chapéu a depositar.
Previsível as contas necessárias que persistem em não pagar,
Montando um espaço ocupado a que constrói para morar,
Merrecas que satisfazem uma vida de descasos e irresponsabilidades a invasão.
Conformando com migalhas que alguém a joga ou deixa cair no chão,
Sobra que sobra no prato a aparência que pronunciam a propiciar,
Gorjetas, biscates, trocados ou esmolas que não reivindicam nada a mudar.