O grito

Caminho a sós em rotas casuais

Pela cidade e nada faz sentido...

Ouço uma voz falando ao meu ouvido,

Depois algumas outras... e outras mais.

Começo a ter delírios visuais

E enxergo tudo meio distorcido;

No peito, um sentimento dolorido

Se junta aos elementos irreais.

Prossigo devagar, respiro um pouco...

Se alguém disser que estou ficando louco,

Por certo, não incorre em exagero.

Aflito, melancólico, confuso,

Eu paro sobre a ponte e, então, produzo

Um grito singular de desespero.

Obs: soneto premiado em 1° lugar no XXXIº Concurso de Poesia Augusto dos Anjos – 2022.