Mácula

 

Pungente mágoa, em tom de névoa triste

Que sobre o ser vivente cai, se espalha,

fraciona o coração, igual navalha,

que a devorar a luz e a paz persiste.

 

Sombra do amor, que agora não existe,

Precipitado amargo na mortalha

Do encanto que se foi... E ri, gargalha

Da alma dolente, com seu dedo em riste...

 

Que mal nos fazem farpas lacerantes

Dos dissabores de um querer que finda

Mas deixa o fel no peito dos amantes.

 

E dos prazeres todos, tanta festa?

De nada vale, não, sonhar ainda

Em meio à infinda mácula que resta.

 

Edir Pina de Barros

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 03/09/2023
Reeditado em 07/09/2023
Código do texto: T7877078
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