7826-MORADORES DE RUA - Soneto decassílabo sáfico-heroico nº 7826 Noneto musical Nº 382, no mesóstico-diagonal. Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil

7826-MORADORES DE RUA

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Soneto decassílabo sáfico-heroico nº 7826.

Noneto musical Nº 382, no mesóstico-diagonal.

Rimado ABAB, ABAB, CDC, EDE,

com sons fortes na 4ª, 6ª, 8ª e 10ª sílabas.

Mensagem no 14º verso (no último).

Por Sílvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil.

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[M]orar na rua prova a dor total,

t[O]rna infeliz o ser sem ter um nome...

Seto[R] de apoio busca a lei social;

nunc[A] prevê destino, mal se come.

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Abandona[D]o quer culpar fatal;

muitos sem r[O]upas, passam frio, fome;

bebida ou droga t[R]az valor real;

Crack ou K-Nov[E] vem, também consome...

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Profissionais a[S]sistem força altiva;

planos existem [D]ão lições compridas;

a pastoral alegra, [E] enfim cativa.

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Dando seus votos, [R]umo novo avança,

eleições chegam... n[U]vens são caídas.

Os governantes devem ter cobr[A]nça.

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Belo Horizonte, 8 de setembro de 2023.

https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/7880466

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Mensagem do Cronista

Mês de Setembro! Primavera! Flores e alegria; não para todos. Os Moradores de Rua continuam abandonados ao relento, e em sofrimento contínuo.

Na crônica do cotidiano, ora difundida aos leitores, abordo o inquietante e angustiantes problema social.

Cordialmente,

Klinger Sobreira de Almeida – Cel PMMG Veterano

Membro Academia de Letras Cap. Médico João Guimarães Rosa.

CRÔNICA:

MORADORES DE RUA

“Vidas pedem socorro nas ruas de BH” (O TEMPO-08Jul23)

Em 2015, quando retornei a BH, após 28 anos fora do Estado, lembro-me de uma reunião social em que fui apresentado a uma empresária local. Na ocasião, declinada minha condição de Coronel da Polícia Militar, a interlocutora expressou-se de forma estranha: “Você poderia providenciar para que a polícia retire um morador de rua, que toda noite dorme em frente de minha loja”. Diante do inusitado, disse-lhe: “A senhora está enganada, isto não é assunto de polícia, e sim, de Assistência Social”. Encerrei a conversa desagradável, retirando-me de sua presença.

“Morador de Rua” é a denominação que se dá às pessoas que perambulam pelas vias públicas, onde comem (quando conseguem!), satisfazem suas necessidades biológicas e dormem... Esses seres humanos desamparados/carentes e sem destino nem perspectivas (homens, mulheres, crianças...) proliferam pelas maiores cidades brasileiras.

São Paulo (capital), população na ordem de 11.451.000, cerca de 25.000 moradores de rua. BH → 2.315.000, mais ou menos 6.000.

Na capital paulista, pelo que se depreende dos repetidos noticiários da imprensa, inexistem definições de política pública para solução do problema. Recentemente, um pastor religioso que se dedica a ampará-los com paliativos de alimentação e cobertas, foi ameaçado de morte por um insensato cidadão da classe privilegiada. Em BH, onde chegou a prosperar um Projeto de Lei que autorizava recolher barracas improvisadas e pertences, também não se vislumbra nenhuma ação governamental objetiva.

Por enquanto, esses infelizes moradores acham-se livres de possíveis arbitrariedades dos governantes locais. O STF, em 25Jul23, proibiu, em todo território nacional, ações arbitrárias de remoção de pessoas e/ou arrecadação compulsória de suas “barracas e/ou eventuais pertences”. A decisão impede o emprego de arquitetura hostil (pedras pontiagudas, espetos...) nos espaços públicos normalmente utilizados.

Morar nas ruas, em completo abandono (sujeitando-se à fome, desconforto total e perigos de toda ordem!), não é desejo pessoal de ninguém. É consequência de conjunturas sociais adversas, resultantes de uma tradicional cultura de injustiças e políticas públicas cruéis que se agravaram no bojo de uma urbanização descontrolada.

Num enfoque simples, os “Moradores de Rua” constituem um problema social gravíssimo, que tende à expansão. Impõe-se, considerados, além da desorganização funcional e estética das grandes urbes, os aspectos humanos degradantes (envergonham a sociedade como um todo!), encontrar, sem maiores delongas, uma solução.

Sem embargo do imprescindível apoio da União e dos Estados, a solução do problema deve partir dos governantes municipais. Estes, saindo da costumeira política rasteira (salvo raras exceções!), devem buscar as causas do problema (carência de habitação acessível economicamente, desemprego, miserabilidade, ausência de educação escolar, migração rural sem controle, conflitos familiares e outras) e eliminá-las.

A solução do problema não é fácil. Porém, se houver vontade política – estribada em valores humanos e espírito público – não é impossível. Em primeiro plano, estruturar o setor social da prefeitura e mobiliá-lo com profissionais competentes (administradores, inclusive da segurança pública, sociólogos, psicólogos...), dando-lhes condições de formular objetivos, planejar e executar, além de envolver as forças vivas da comunidade.

Em plano superior, as Unidades Federativas e a União devem adotar postura condizente de apoio aos governantes municipais comprometidos.

Vamos clamar e pressionar nossos governantes!

Klinger Sobreira de Almeida – Cel Veterano/PMMG

Membro Efetivo/Fundador Academia de Letras Cap. Méd. JGR

Silvia Araujo Motta
Enviado por Silvia Araujo Motta em 08/09/2023
Reeditado em 10/09/2023
Código do texto: T7880466
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