Cadáver de Virgem

Estava no caixão como num leito,

Palidamente fria e adormecida;

As mãos cruzadas sobre o casto peito,

E em cada olhar sem luz um Sol sem vida.

Pés atados com fita em nó perfeito,

De roupas alvas de cetim vestida;

O tronco duro, rígido, direito,

A face calma, lânguida, dorida...

O diadema das virgens sobre a testa,

Níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,

Mas como noiva, que cansou na festa.

Por seis cavalos brancos arrancada...

Onde irás tu passar a longa sesta

Na mole cama, em que te vi deitada?!...

Luís Delfino

Luis Delfino
Enviado por Kaynne em 02/10/2023
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