PREDADOR

A fera solta explora a alfombra, deita

na maciez das curvas, em dulçor

lambuza a boca, toma a senda estreita

e engole o sumo, livre de pudor.

O brilho da euforia logo enfeita

o olhar do alucinado predador

e a sanha debelada, satisfeita,

entrega-se às delícias do langor.

Transpiram carnes, levam ao tecido

retalhos do desejo perseguido

na noite que devia ser eterna.

Tocar a tua pele acetinada

é permitir, do peito, a disparada:

o jeito sedutor me desgoverna!