LÁPIS DOS SONETOS

Sou antigo e uso lápis pra fazer

Versos nos quais ecoa a voz do amor,

O tempo de existência não mudou

Meu jeito de amar e de viver.

Num verso escrito a lápis, vão dizer,

Não é eterno o que se ali traçou,

Apagar, a ideia a mim nunca colou,

Se grafite não uso ao escrever.

Em letras fossilizo a eternidade

De um sentimento que se vê mais duro

Do que o diamante em toda austeridade.

Meu lápis traça o verso em nitreto

Que na pressão do amor vira o mais puro

Material com que escrevo um soneto.