Ó nuvens brancas, calmas e sem dores...

Ó nuvens brancas, calmas e sem dores,

Que no céu andais sobre os outeiros,

É tão belo o poente como as flores

Na mortalha de remotos nevoeiros:

Nuvens brancas, minh'alma sem plangores,

Floresceste como alvos jasmineiros,

E os prados encobertos por palores,

Já ficastes a olhar dias inteiros:

Havia rosas no jardim e açucenas,

Sinos que dançavam sobre as ermidas

No vagar das névoas tão serenas...

Lembravam, vós, a mística consorte,

Ó nuvens, trêmulas, como essas vidas

Que andando vão seguindo para a morte.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 26/11/2023
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T7940966
Classificação de conteúdo: seguro