Prisioneiro

Qual fosse um animal na jaula encarcerado,

Sozinho fica ali, olhando para fora...

Sem reclamar de nada, agora apenas chora

De um jeito bem sutil, sem lágrimas, calado.

Aquele corpo fraco, anêmico, esgotado

Mantém-se sem a força e a robustez de outrora;

Sem ter expectativa alguma de melhora,

Começa a relembrar os feitos do passado.

Devoram-no sem pressa, aos poucos, com frieza

As dores mais cruéis da angústia e da tristeza...

Do coração ferido o rubro sangue escorre.

E encerra mais um dia aquele ser mofino,

Cumprindo, passo a passo, as regras de um destino

Do qual apanha, apanha, apanha... Mas não morre.

Obs: soneto premiado em 1° lugar no XXXIIº Concurso de Poesia Augusto dos Anjos – 2023.