A verdade do verso

Se leres neste verso algum desgosto,

se a solidão notares transparente,

se achares meu pesar desnudo e exposto,

lembra-te, amor, que um verso nunca mente.

Lembra-te, amor, que escrevo ao sol deposto,

já se apagou a tarde efervescente,

já vincam, as tristezas, o meu rosto

e de saudades chora o meu presente.

Mas neste verso, amor, vivo e revivo

e nele não se afia a vil mentira,

mas antes guarda um álibi pretenso,

uma verdade e um cântico assertivo:

das minhas duas vidas, uma expira,

das minhas duas mortes, uma venço!

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 29/11/2023
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