COR DO ANO-NOVO

É dúvida que eu não tenho mais

A com que roupa passo o Ano-Novo,

Por já não crer na voz falha do povo,

Prenunciando a cor que sorte traz.

Eu já usei o branco, a pedir paz,

E o roxo da paixão, que não renovo,

O vermelho, o amarelo e não me movo,

Outra vez, a vestir verde e lilás.

Cor alguma me deu paz e dinheiro,

E da felicidade o paradeiro

Nunca uma roupa nova revelou.

Ido nos anos, fiz a descoberta:

Na roupa de Ano-Novo sempre acerta

Quem vence sem dar crédito à cor.