ROSA NEGRA

Caminho sob um denso nevoeiro,

meus olhos ardem, minha boca amarga

e, pouco a pouco, a estrada, outrora larga,

comprime o passo neste cativeiro.

Sem pressupor o golpe derradeiro,

suporto ainda o peso desta carga,

atormentado pelo algoz que embarga

o meu clamor perdido no roteiro.

A languidez percorre o sangue e esfria

o peito entregue à imensa opacidade

onde me falta crença e valentia.

Procuro estrelas, mas o céu que invade

o pensamento tem a cor sombria

da rosa negra, flor da mortandade.