Último ato

Sabe como é a vida da gente...

um caminhar mil léguas todo dia

com a bolsa, quase sempre, vazia

e uma pujante e chata dor de dente.

Há muito mais tristeza que alegria,

muito mais gente má do que decente;

muito mais incrédulo do que crente,

insatisfeitos do que em extasia.

Contudo, é bom que ninguém se entregue,

pois que a vida é boa e vale a pena

estar atuando e não sair de cena.

Enfim, nosso último ato não negue

que amamos a vida e odiamos morte

e que, morrendo, não há quem nos conforte!