NAU DE MIM
Eu precisava sair dessa rotina,
Para arrumar o que havia em desacordo;
E, singrando este mar eu me recordo,
Que Deus espelhou no céu a minha sina.
Melancólico, vi, pela retina,
A minha vida passar à estibordo;
Ninguém devia mesmo seguir a bordo
Numa viagem que nunca se termina.
Isso às vezes parece uma tolice;
Mas, o mais importante na velhice,
São os anos que restam para sonhar.
O sol que se punha dourava a praia,
Dizendo ao longe que não me retraia...
E se escondeu p'ra não me ver chorar.