Pela deserta estrada

Quando na dor dos meus pesares ias,

Era nublado o céu que me olhavas,

E o vento uivava pelas galharias,

Em mim silente o teu sorriso estavas...

Tinhas o céu a cor das nostalgias,

Que as almas sempre mudas abraçavas,

E com teu véu de névoas me cobrias,

Em mim perdida uma alma soluçavas...

Colhi lembranças roxas no passeio,

Das aves, a vibrares, o gorjeio,

Na voz da solitude anoiteceste...

Pela deserta estrada vinha a lua,

Trazendo a palidez que é só tua,

E no meu peito um sonho floresceste...