COSTUMAMOS SALIENTE #MR#

Oh musa bela, cruel e zelosa,

Que me cerceia a voz, me tolhe a prosa,

Não mais posso falar de amor, de paixão,

Pois tua desconfiança é minha obrigação.

Tu me olhas com um olhar tão feroz,

Não entendes que é pura a minha voz,

No palco da poesia, eu faço minha dança,

Mas tu, mulher, só me vês com desconfiança.

Não posso mencionar uma quenga passada,

Pois logo tu me puxas a orelha, zangada,

E se elogio a beleza feminina,

Tu logo me acusas: é tua menina?

Mas ainda assim, aqui estou, a rimar,

Falando de economia e natureza a flutuar,

Para ver se, enfim, te acalmo, faço feliz,

E não mais digas: “vou quebrar teu nariz”.

Renuncio a falar de amor, ou da beleza feminina,

Por medo de teus olhos, que me assassina,

Mas, eu insisto, sou um pobre inocente,

Já o Eu-Lirico, ele sim, é um costumamos saliente.