"A rosa de Hiperides".
A rosa se deita ao lúbrico ninho,
Diante de várias lucernas e lumes,
E ainda que não perca os perfumes,
Perde, entrementes, o espinhos.
Rosa desnuda à espátula de Apeles,
Que se molda à essência de tintas amenas,
Liberta das ondas a Vênus anadiomena,
Diana do sexo tão nobre e tão reles.
Ao centro do quarto o leito de marfim esculpido,
Aos quatro cantos o brilho do verniz polido,
Recobre cortinas de púrpura bordadas à ouro.
Ao amor de Frinéia há [5] ou [6] eternidades de delícia,
Hipérides esvazia a taça de veneno vindo da Galícia,
Um falso veneno de um falso vindouro.