Metáfora surreal para um prego na parede

Há um prego dormindo na parede

A espera, quem sabe, dum retrato.

Alguma abstração do abstrato?

O embate da fome com a sede?

 

A fome a lamber o velho prato

Que serviu os sobejos da pintura?

A sede a lamber a tessitura

Que a tela empresta ao retrato?

 

Não sei e ninguém sabe, todavia,

O prego há muito tempo já dormia

Pregado na parede . Ainda assim,

 

Um poeta, sem eira e nem beira,

Se põe a pendurar, queira ou não queira,

Retratos na parede, até o fim.

..................

 

OS PREGOS

J Garcia

 

Daqueles pregos que pregaram Cristo,
Talvez não exista nem a poeira.
Mas um poeta sem eira nem beira,
Traz como tema justamente isto.

 

Os pregos não mais existem, insisto,
É fato, por mais que a gente não queira,
Esta é a verdade verdadeira.
Uma outra solução não avisto.

 

Seria uma relíquia da fé,
Capaz de fazer milagres, até,
Caso vencessem do tempo a ação.

 

Mas podemos duvidar da ciência
E não aceitar sua prepotência.
Até ela pode errar, por que NÃO?

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/03/2024
Reeditado em 08/03/2024
Código do texto: T8014741
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