Se tu voltares

Se Voltares

Rogaciano Leite

Como sândalo humilde que perfuma

O ferro do machado que lhe corta,

Eu hei de ter minha alma sempre morta

Mas não me vingarei de coisa alguma.

Se voltares um dia à minha porta,

Tangida pela fome e pela bruma,

Em vez da ingratidão, que desconforta,

Terás um leito sobre um chão de pluma.

E em troca dos desgostos que me deste,

Mais carinho terás do que tiveste,

E os meus beijos serão multiplicados.

Para os que voltam pelo amor vencidos,

A vingança maior dos ofendidos

É saber abraçar os humilhados.

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O poeta pernambucano Bezerra Leite, que também era Rogaciano, escreveu um Soneto de magnitude 10, acima transcrito.

Na minha desvairada petulância, quis, tão somente, fazer um ESPELHO POÉTICO.

O espelho é um instrumento que reproduz tudo com absoluta fidelidade, contudo de modo invertido.

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Se tu voltares

Um Piauiense Armengador de Versos.

Tal árvore ferida ao golpe do machado,

Pela angústia deixada quando tu partiste,

Cambaleando minha alma, aqui, resiste,

Mas não optará pelo revide irado.

Caso retornes tu ao lar abandonado,

Onde a fiel saudade residir insiste,

Tu terás muito mais do que já me pediste,

Terás leito de sândalo aromatizado.

Não se faz necessário me pedir perdão,

Há muito já te dei pela lei da razão,

Entra, pois, os portões estão escancarados…

Tu terás de mim mais do que tu tinhas antes,

Contudo não esperes rever como dantes,

Os abraços e beijos por ti renegados.