Rasuras é heiddegeriano, ser-para-a-morte e tal. É do meu terceiro livro, o primeiro de Sonetos, então talvez haja uma certa imaturidade, crueza.

 

Ousei pôr a minha dança do ser em voga
O dual ser não sendo, presença do nada
Seja no mundo, nos outros, ser se deplora
O que ele não é, negação que me afirmara

 

Espelhei vitrais paralelos, eu no infindo
Visualizei-me absorto: sou-para-a-morte!
Vitral do egóico espelho, espelho meu, te sinto
À par de uma imagem fosca, que seja forte

 

O invisível ser veste-se de fortaleza
Consciente de para-si-caixão, me advogo
Por anos vividos na cela da beleza

 

Já o visível, luz, ó poieses de Orfeu
Pertence ao teu sim, ó negativo, ao não, móvel
Mover punho Asuras, cerrá-los como Deus