SONETO II

não sei como voltar a mim,

saí de mim sem marcar o caminho,

apaguei a luz e bati a porta do ninho,

para não ter que encarar um fim.

mas não estou perdido,

sei que estou em algum lugar,

respiro e tenho onde pisar,

apesar de ser sem jamais ter sido.

tantas noites para um dia,

descanso na leveza do vazio,

um dia de calor para tantas noites frias.

tantas coisas para apenas uma escolha,

adiante passa um rio

onde poderia me lançar e ser levado como folha.