Não amarei

Desapegado das metáforas sem sal,

Liberto enfim do grilhão das formas,

Vou escrever como um tanger de cordas,

Eis o amor não pensado, mas natural;

Não esculpirei outra idealização irreal,

Nem versificarei as dores almejadas,

Vértices velados da vitimização,

Não me importa esse amor de quinhão.

Arte pela arte, tétrica opulência verbal,

Nos moldes impostos, não amarei então,

Assim à mercê do vazio sentimental.

Ao exegeta desse lirismo tão banal,

Ofereço a morte da poesia-sem-razão,

Sou poeta, só me importa o amor colossal!