Na Forca

Julgado pela amada fidalguia,

O preso, pendurado porcamente,

Sorvia o seu sufoco, só, silente,

Enquanto o poviléu chorava e ria.

Sentindo que dali não passaria,

Olhou, ficando roxo, pro poente;

A Vida estava logo ali na frente,

Tão perto quão distante, quente e fria.

As últimas palavras do “Maldito”

Morreram, reprimidas, na garganta.

Quem sabe o que no fim teria dito?

O adágio que da tumba se levanta?

O chiste que não pode ser escrito?

O sumo da Verdade Sacrossanta?