"Opulência".
Por que disputo, meu Deus, remuneração?
Vantagens das quais nem mesmo necessito,
Que me eivam de medo, de tédio, e, repito,
No capricho malígno de uma infame ilusão.
Sofro, assim, de doenças que são imaginárias,
É a nobre morte, insistente, a reclamar meu corpo,
Alquebrado, pelos anos escorchantes da liça, no torpo,
Pelas escaramuças insanas da vida usurária.
Olvido; que sou, eu, um reles usufrutário do mundo,
E vivo ao sabor da riqueza em meu regalo profundo,
Sufocando ao meu bel prazer ao semelhante.
Oprimo-lhe pelo exigir do vil e crasso trabalho,
Exploro-lhe, da força, as últimas gotas de orvalho,
E esqueço-me de que nada é constante.