De outro lado
Meu verso em liberdade é algo preso,
Que sangra um verbo frouxo na sutura.
Perdoe-me, oh palavra tão segura,
E esqueça deste velho peito em peso.
Fingindo que esta morte era real,
Refiz duzentas vezes esta rima,
Cacei a minha letra linha acima,
Mas sempre retornei ao meu final.
E o fim me é tão texto escrito à-toa,
Estrofes que alimentam meu orgulho,
Ornado na cadência deste entulho,
Que esconde a sutileza da coroa.
Palavra em universo que cintila,
Perdoe este poeta de outra vila.