Duelo

Escolhe os seus padrinhos, mas a dedo.

Empunhes tuas armas, necessárias.

Encosta-te nas costas, vais sem medo,

E esqueça-te das regras arbitrárias.

Caminha por quatorze linhas cegas,

E vira-te no verso derradeiro.

Enfrenta o oponente que carregas,

E enterres a carcaça no valeiro.

Duele com a palavra sem cessar,

Domine enfim seu vulto por vitória.

Serás, um tal poeta frente ao mar

De tantos verbos mudos na memória.

Por fim, morra em silêncio nesta rua,

Escrita em letra morna e tão nua.