A NOITE DA VIDA

Nesse escorregar mágico dos ponteiros

a vida sóbria embebeda-me de noite;

leva-me por ruas empedradas, cheiros

de cerração e luzes brancas-de-leite.

Afundo nos pés poças lisas massacradas

por largos pés numa alpercata roída

por pedras rombudas; garrafas quebradas

de verde viajam o ópio na noite escondida.

A rua escura é um não-sei-quê de outrora

e tua porta passa por mim vazia,

envelhecendo meus olhos de saudade.

Acho que sobreviverei nestes restos, embora

seja só a reminescência mais sombria

dos amores loucos que vivi na mocidade.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 31/01/2008
Reeditado em 05/02/2008
Código do texto: T841425