AS MARCAS DAS MÁGOAS

Eu vivo vagando sem rumo certo,

Busco imensidões dentro do meu pequeno ser,

E a cada momento de minha existência viver,

Antes que o meu íntimo se transforme num deserto.

De repente sou acolhido por lampejos de piedade,

Que põem o meu ser em freqüente transição,

São frutos dessa minha desajustada condição,

E sobro eu depois sofrendo essa crueldade.

Meu ser e o céu tornam-se inevitavelmente escuros,

Que mesmo o arrebol e a aurora não conseguem dissolver,

Por se tratar de sensações e tédios futuros.

Mas aos poucos uma luz difusa começa a aparecer,

Surgem dentro de mim sentimentos mais seguros,

Que, após puxar a respiração, recomeço a viver.

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