Café com Soneto

Após longa calmaria, eis que chega sem alarde,

Cruzam-se os olhares, as mentes — talvez uma dança?

Finda-se a banda e, tímido, apresenta oposto como semelhança.

Sedutoramente inteligente... Começamos a bailar, assim, tão tarde?

E ao compartilhar de uma mesma virtude, ou seria de um mesmo vício,

Calou minhas dúvidas com um café muito bem acompanhado.

À mesa sentaram-se Neruda, Pessoa, Chico, Vinícius, Machado...

E se a química transcende o intelectual, despedir-se é um sacrifício!

Longe, penso se me verá à Drummond, sua Itabira na parede...

— Calma, senhorita! Ainda é muito mais cedo do que imagina.

— É hora do café que me embriaga e não sacia minha sede.

Da janela, vejo a chuva refrescar os pensamentos com seus pingos.

Peço uma xícara de literatura com beijo (Essa ressaca de cafeína...)

Melhor só escrever, sem saber se após tal Sábado virão Domingos...