Soneto XIV - O céu

adormecido sob teu negro manto etéreo

me vejo esta noite, entre a neblina

que toca o chão do triste cemitério

onde caí no apogeu de minha ruína

Para ouvir tua voz silenciosa, eu silencio

e vejo no vinho o reflexo de tuas estrelas

Perplexo diante do espetáculo, que presencio

no acender e apagar de tuas centelhas

Tremo, é a febre que precede o frio!

prostrado sob a escuridão outrora onipresente

que se difunde para meu cérebro sombrio

fugindo da luz da aurora nascente

me ergo agora ainda ébrio

e saúdo o sol em sua graça reluzente