QUEBRANDO PARA SER INTEIRA

Em rigidez desdenhosa, qual mármore

Receosa, sinto-me prestes a quebrar

Será em mil pedaços, talvez demore!

Mas, na borda, já há lascas a me furar,

Nesse processo de cura, não me ignore!

Já não é tão frio, podes tua mão pousar.

Mas ainda me transformo, não comemore!

Em abnegação pálida, voltarei a brilhar...

Na suavidade lívida da minha tez

Seduzo-te com frios lábios carmim

E se tão apaixonada não estivesse, talvez

Nem no mais esplendoroso sonho

Nunca, jamais, desfaria essa rigidez de mim

Seria jazigo, o frio desse mármore bisonho.